segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Marx está vivo!

É incrível como os gênios estão presentes nas nossas vidas mesmo muito tempo depois de partirem desse mundo. Quero falar hoje do bom e velho Karl Marx. Deparei-me recentemente com a teoria de Marx referente ao fetichismo da mercadoria. Para os não iniciados na filosofia marxiana (prefiro essa, ao invés de marxista) explicarei brevemente. O nosso filósofo, em meados do século XIX, dizia que o capitalismo, como modo de produção, gera um fenômeno interessante, chamado por ele de "fetichismo da mercadoria". Isso consiste na atribuição às mercadorias de determinadas qualidades, sentimentos ou paixões, presentes (ou pelos menos presentes teoricamente) apenas em seres humanos. O processo produtivo encabeçado pela classe social dos burgueses tende a atribuir a mercadoria grande valor, não só econômico, mas também valor sobrehumano. Neste processo, temos uma "humanização" da mercadoria ou produto e uma "desumanização" daquele que a cria ou a produz. Em outras palavras, o homem se "coisifica" enquanto a mercadoria "ganha vida".
Esse raciocínio de Marx, já empreendido há muito tempo, ainda está presente se aguçarmos nosso olhar. A genialidade de Marx encontra-se numa capacidade enorme de perceber o mundo em que estava inserido (e que certamente era cria dele) e pensá-lo de forma apurada, afinal, muito antes do advento dos meios de comunicação de massa, ele assinalava para esse processo de "atribuição de vida" à mercadoria. Exemplificarei. Basta olharmos para a forma como as mídias exploram a venda das mercadorias. As propagandas não vendem o produto em si pela sua utilidade ou por um benefício prático, mas principalemnte por aquilo que ele pode gerar em termos subjetivos. Ou seja, serei melhor querido pelo meu grupo social se usar tal tênis de tal marca, serei mais forte se tomar tal bebida energética, ficarei mais feliz e subirei de classe social se trocar de carro e etc, etc, etc.
Estão vendo, aí está a genialidade de Karl Marx, um homem que morreu há mais de 100 anos mas que está presente em nossas vidas até hoje, afinal, o capitalismo, ou melhor, o aspecto essencial do capitalismo, que é a produção, venda, acúmulo e geração de riqueza, funciona incitando os nosso sentimentos. Compramos, muitas vezes, não porque precisamos para uma finalidade prática e necessária, mas simplesmente para nos diferenciar socialmente, para produzirmos escalas de importância (se eu tenho sou melhor que você), ou compramos apenas para nos sentirmos felizes. Quer um exemplo clássico, veja quantas coisas você comprou apenas por impulso, sem a existência de uma necessidade. Olhe na sua casa, no seu guarda-roupa. Tá vendo! Agora me diga que Karl Marx está morto...rs!
Voltem sempre!